Por ocasião do sacrifício de Cristo na cruz, morreu apenas a Sua natureza humana ou também a Sua natureza divina?

Este é um assunto complexo e de fácil distorção, no qual muitos são tentados a substituir a revelação divina por suas próprias teorias especulativas. Mas existem algumas declarações inspiradas que nos ajudam a compreender melhor o assunto. Por exemplo, em Isaías 9:6, Cristo é chamado de “Pai da Eternidade”. Em João 11:25, Ele mesmo afirma: “Eu sou a ressurreição e a vida”. Em João 10:17-18, Ele acrescenta: “porque Eu dou a Minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de Mim; pelo contrário, Eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la.” E no livro O Desejado de Todas as Nações, pág. 530, Ellen G. White diz: “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada.”

Em harmonia com essas declarações, Ellen White argumenta no livro Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 301: “Aquele que disse: ‘Dou a Minha vida para tornar a tomá-la’ (João 10:17), ressurgiu do túmulo para a vida que estava nEle mesmo. A humanidade morreu; a divindade não morreu. Em Sua divindade, possuía Cristo o poder de romper os laços da morte. Declara Ele que tem vida nEle mesmo, para dar vida a quem quer. […] É Ele a fonte, o manancial da vida. Unicamente Aquele que tem, Ele só, a imortalidade, e habita na luz e vida, podia dizer: ‘Tenho poder para a dar [a vida], e poder para tornar a tomá-la’ (João 10:18)”.

Nos comentários de Ellen White, em Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, pág. 1113, o mesmo conceito é corroborado: “Foi a natureza humana do Filho de Maria transformada na natureza divina do Filho de Deus? Não. As duas naturezas foram misteriosamente fundidas em uma pessoa – o homem Cristo Jesus. Nele habitou corporalmente toda a plenitude da Divindade (Colossenses 2:9). Ao ser Cristo crucificado, foi Sua natureza humana que morreu. A Divindade não sucumbiu nem morreu. Isso teria sido impossível. […] Quando a voz do anjo foi ouvida dizendo: ‘O Teu Pai Te chama’, Aquele que havia dito: ‘Eu dou a Minha vida para a reassumir’ (João 10:17) e ‘Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei’ (João 2:19), ressurgiu da sepultura para a vida que havia em Si mesmo. A Divindade não morreu. A humanidade morreu; mas Cristo agora proclama sobre o sepulcro de José: ‘Eu sou a ressurreição e a vida’ (João 11:25). Em Sua divindade Cristo possuía o poder de romper os laços da morte. Ele declara ter vida em Si mesmo para conceder a quem Ele quiser”.

Na Meditação Matinal de 1992, “Exaltai-O!”, pág. 346, Ellen G. White acrescenta: “Jesus Cristo depôs o manto real, Sua régia coroa e revestiu Sua divindade com a humanidade, a fim de tornar-Se um substituto e penhor pelo gênero humano, para que, morrendo em forma humana, por Sua morte pudesse destruir aquele que tinha o poder da morte. Ele não poderia ter feito isso como Deus; mas, tornando-Se como o homem, Cristo podia morrer. Pela morte venceu a morte”.

Mas, se mesmo “a vida de um anjo não poderia pagar a dívida” pela queda da raça humana (Patriarcas e Profetas, págs. 64-65), seria suficiente que apenas a natureza humana de Cristo morresse na cruz? Este é, sem dúvida, um mistério para o qual não temos todas as respostas. No entanto, não devemos nos esquecer de que Cristo veio como o “último Adão” (1Coríntios 15:45) para pagar o preço pelo resgate da raça humana (ver Romanos 5:12-21; 1Coríntios 15:20-22). Ele morreu como homem por todos os seres humanos. Além disso, Cristo morreu a “segunda morte” (Apocalipse 2:11; 20:6 e 14; 21:8) da qual não existe ressurreição de criaturas. Como essa morte representa a eterna alienação da criatura do seu Criador, somente Aquele que tem vida em Si mesmo poderia ressuscitar dessa morte.

Portanto, mesmo que não tenhamos respostas a todas as indagações que possam surgir com respeito ao “mistério da piedade” (1Timóteo 3:16), pela fé aceitamos as declarações inspiradas que nos dizem que na cruz morreu apenas a natureza humana de Cristo, e não a Sua natureza divina, que ficou misteriosamente velada durante a encarnação.

Alberto Timm, “Revista do Ancião”, abril – junho de 2009.

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  1. Veja também:

    1) “Se Jesus houvesse pecado, o que teria acontecido com Ele?” – clique aqui.

    2) “Como portador do pecado, sacerdote e representante do homem perante Deus, Ele penetrou na vida da humanidade, assumindo nossa carne e sangue. […]

    Ele nasceu sem qualquer mancha de pecado, mas veio ao mundo do mesmo modo que a família humana. Não tinha mera semelhança de um corpo, mas tomou a natureza humana, participando da vida da humanidade. […]

    Jesus Cristo depôs o manto real, Sua régia coroa e revestiu Sua divindade com a humanidade, a fim de tornar-Se um substituto e penhor pelo gênero humano, para que, morrendo em forma humana, por Sua morte pudesse destruir aquele que tinha o poder da morte. Ele não poderia ter feito isso como Deus; mas, tornando-Se como o homem, Cristo podia morrer. […]

    Cristo viveu e morreu como homem […]”.

    Meditação Matinal Exaltai-O, pág. 346 (27/11/1992)
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    “Para honra e glória de Deus, Seu Filho Amado – o Penhor, o Substituto – foi entregue e desceu para a prisão da sepultura. Ele ficou encerrado nas câmaras rochosas do túmulo novo. Se um único pecado tivesse manchado Seu caráter, a pedra nunca teria sido removida da porta de Sua câmara rochosa, e o mundo, com seu fardo de culpa teria perecido” (Ellen White, Manuscript Releases, vol. 10, pág. 385; citado na Lição da Escola Sabatina, 23/06/2013, Busque ao Senhor e Viva!).

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